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RIO GRANDE DO SUL

Bombeira de Casa Branca atua no Rio Grande do Sul e descreve cenário devastador

VÍDEO: Bruna Ventali está há 10 dias em Canoas, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes; teve a ideia de dar mimos para crianças e pede ajuda.

Publicado em 20/05/2024 às 17:23
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Bruna Ventali, bombeira de Casa Branca, atua no Rio Grande do Sul (Foto: Arquivo Pessoal )

- É um cenário de guerra. Quem tá fazendo tudo acontecer são os próprios moradores. Tem gente de todo o Brasil, gente de vários lugares ajudando. É o povo pelo povo. A água já baixou muito e tem gente conseguindo voltar pra casa. Mas, a água está toda contaminada, várias pessoas internadas com leptospirose, muita doença por conta da contaminação. As famílias estão revirando o lixo que veio com a água, coisas lacradas, recolhendo desodorante, enlatados, vi um senhor recolhendo até um pacote de fraldas. O cenário é triste – conta Bruna Ventali, de 36 anos, bombeira civil de Casa Branca que está há 10 dias como voluntária em Canoas, no Rio Grande do Sul (VÍDEO NO FINAL DA MATÉRIA).

A cidade de quase 350 mil habitantes fica na região metropolitana de Porto Alegre, às margens dos rios Jacuí, Sinos, Caí, desaguando no Lago Guaíba, fazendo com que o município seja um dos mais afetados.


Bairro Mathias Velho em Canoas no Rio Grande do Sul (Foto: Wesley Santos/UOL)

Um ônibus saiu da região de São João da Boa Vista no dia 10 de maio com 42 bombeiros civis voluntários, alguns de Casa Branca. Há 3 anos na profissão, Bruna sentiu que precisava ajudar. O cenário que encontrou foi o narrado acima. Ela conta que está pronta para as missões que lhe são dadas, sob liderança da organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras. Dorme no alojamento, uma creche, sai por volta de 8h da manhã todos os dias e não tem hora pra voltar. O trabalho está focado no bairro Mathias Velho, um dos mais destruídos pelas inundações.

- A gente está na linha de frente, trabalhando com busca e resgate e também com a parte de serviço social nas comunidades e abrigos. Tem pessoas morando até embaixo de pontes. Temos uma psicóloga que anda com a gente e faz esse trabalho.


Pessoas que não foram para abrigos e que perderam a casa estão morando debaixo de pontes e viadutos em Canoas (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela relata que a maior parte da equipe que foi ao estado gaúcho já voltou para casa por causa de compromissos e outros motivos. Dos 42 voluntários, cinco permaneceram. Bruna decidiu ficar.

- A gente não tem uma data pra voltar. A água tá baixando. A gente entra numa outra fase que é a de reconstrução, da limpeza. Enquanto a gente puder, a gente vai estar aqui.


Bombeira casa-branquense (ao centro) e equipe trabalham na limpeza de ruas (Foto: Arquivo Pessoal)

O que a deixa mais chocada é o fato de pessoas irem aos locais de inundações só pra tirar fotos e postar nas redes sociais.

- Tá tudo destruído. A gente anda nos bairros em barcos e as casas estão debaixo d’água. A visita nos abrigos com crianças que perderam seus pais e pais que perderam seus filhos, isso choca a gente. E tem muitas pessoas que estão aqui por mídia, pra tirar foto, pra filmar. A gente viu várias pessoas que vão subir no barco e pedem pra outras pessoas as carregarem nas costas pra não molhar o pé.


Bruna em missão de barco em Canoas, no RS (Foto: Arquivo Pessoal)

Bruna destaca que há comida, água e roupas, mas também uma tristeza desesperadora. Por isso, quer dar um mimo às famílias de um abrigo próximo, onde também está atuando, principalmente para as crianças. Comprar brinquedos e chocolate, por exemplo.

- É desesperador e muito triste. A gente pensou em dar um mimo, um agrado. Elas estão carentes de tudo. O mínimo que a gente conseguir fazer pra alegrar nem que seja um dia pra essas famílias, acho que vai ser importante tanto pra elas como pra gente como pessoa.

A bombeira casa-branquense diz que é gratificante poder ajudar pessoalmente as pessoas no Sul e que permanecerá no local o tempo que puder.

As chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul deixaram até esta segunda-feira, 20 de maio, 157 mortos, além de centenas de feridos e 88 desaparecidos. Cerca de 600 mil pessoas estão desalojadas. Estima-se que a tragédia afetou diretamente 2,3 milhões de pessoas em 463 municípios. Até o momento, mais de 82 mil pessoas foram resgatadas e mais de 12 mil animais também foram salvos.


Pessoas recebem roupas e outras doações em Canoas (Foto: Arquivo Pessoal)

Para ajudar a bombeira casa-branquense e a equipe que está com ela a comprar mimos para as crianças em abrigos de Canoas, você pode enviar o valor que puder pelo pix que é o email: flaviusjr27@gmail.com - nome de Flavius Vinícius da Silva Junior, Mercado Pago - Flavius é o bombeiro da equipe responsável pelas doações para a compra dos mimos. 

Bruna prestará contas e mostrará os itens comprados no instagram

Veja vídeos e fotos registrados pela bombeira de Casa Branca em Canoas: 



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